Se pensas que o nome só serve para te chamar, estás enganado/a. Vê o que as crianças da escola de Batudes, do 1º e 2º ano de escolaridade, andaram a descobrir.
Explorar para que serve o nome dá pano para mangas. Conheces a expressão? Pois, começamos quem eu sou e como me chamo e caminhámos numa grande aventura. Até a família participou connosco. Se quiseres experimentar, pega nesta ideia.
Em roda, como nos gostámos de sentar no "Eu Participo", num momento muito caloroso, partilhámos o nosso nome e uma palavra que achávamos que nos pudesse descrever. O resultado foi este. Nomes e palavras lindas! Quem não conseguia descobrir a palavra, toda a tribo ajudava, lançando palavras que achasse que iriam descrever aquela criança.
Fizemos um compromisso: sempre que algum/a de nós fizesse algo menos bom para a nossa "tribo", sentaríamos em roda e lembraríamos essa pessoa da palavra que o/a descreve. Talvez ele ou ela percebessem porque fizeram esse mal e o soubessem como corrigir. Estaríamos ali para ajudar.
De seguida levaram um desafio para casa. A família teria de contar como tomou a decisão
de ter escolhido aquele nome para a criança. E o que cada um/a trouxe foi surpreendente. Existem nomes porque o seu som era bonito, porque a mudança de letras levava ao nome de alguém importante na família, porque eram os nomes dos avós, porque eram nomes típicos de família, porque estavam ligados à religião da família, porque tinham significados de coisas bonitas noutras línguas,...
Mas acham que esta partilha não gerou discussão? Enganam-se. Vou contar-vos o que aconteceu, mas não vou dizer os nomes de quem falou para respeitar o seu direito de privacidade.
Menina: Eu não gostava de ter um nome ligado à religião... (depois de pensar, diz)... se calhar até tenho...
Menino: Porquê não gostavas?
Menina: Olha é como tu gostas de jogar futebol e o "Lourenço" não. è uma questão de gosto e não tem mal.
Menino: Mas porquê não gostas?
Menina: Não sei... não gosto... talvez porque a minha avó me obrigava...
Menino: Porquê não lhe disseste?
Menina: Eu era muito pequenina, os meus pais iam trabalhar... eu ficava com a minha avó... era fixe! Mas sabes que nunca escutam as opiniões das crianças. Não sei, só sei que não gosto.
O menino explica-lhe porque gosta de ter um nome ligado à religião, explica o significado do seu nome e diz que se sente protegido.
Depois de todos/as escutarmos, tranquilos/as, aquela discussão, perguntei:
Há alguém que está certo e o/a outro/a errado/a?
Mais uma discussão muito boa e conto-vos que o resultado foi;
Tanto a menina como o menino estavam certos. Ele tinha direito em acreditar na sua religião, tinha liberdade de pensamento. A menina tinha direito à sua opinião sem ofender o outro e tinha direito à liberdade de escolha. Devíamos respeitar as duas escolhas e só tínhamos pena que as crianças não fossem mais vezes escutadas.
Então, para que serve um nome? Será um direito de todas as crianças?
Escutámos mais histórias de nomes, mas desta vez de crianças de vários pontos do mundo onde os nomes são tão diferentes dos nossos. E, aos poucos, fomos descobrindo como este direito à nossa identidade / nome, nos dá acesso a tantos outros direitos.
Consegues descobrir mais algum direito associado ao direito de ter um nome?
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